Transfusões de Sangue - A dificuldade em se obter dados fidedignos nos sistemas nacionais
- Emanuel Porangaba
- 23 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de jun.
Um dos principais indicadores na área de Hemoterapia é o número de transfusões realizadas, tanto nos serviços de hemoterapia quanto na rede de assistência à saúde.
A partir desse dado, é possível analisar não apenas a quantidade de sangue utilizado, mas também a origem de sua prescrição. Isso permite considerar os motivos para o uso do sangue em relação a doenças e procedimentos, seja hospitalares ou ambulatoriais.
O que inicialmente parece ser uma tarefa simples transforma-se em um desafio ao tentar encontrar dados que representem com precisão a realidade transfusional nos sistemas nacionais que fornecem informações sobre o tema, que são:
SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
SIH/SUS - Sistema de informações Hospitalares do SUS
Em geral, uma única coleta de sangue resulta, no mínimo, em três hemocomponentes: Concentrado de Hemácias, Concentrado de Plaquetas e Plasma Fresco Congelado.
Ao analisarmos os dados de coleta de sangue de 2024, onde os serviços de hemoterapia da Rede SUS coletaram 3.328.157 bolsas, é razoável esperar, mesmo levando em conta as perdas por validade, sorologia reagente e outras razões que juntas não ultrapassam 10% do total de bolsas produzidas, um número significativo de transfusões registradas. No entanto, essa expectativa não se alinha com os resultados das pesquisas realizadas nesses sistemas, como podemos observar no quadro abaixo:


Em resumo, do total de 3.328.157 coletas de sangue realizadas pelo SUS, o número registrado de transfusões, tanto em ambientes ambulatoriais quanto hospitalares, corresponde a apenas 3.210.538 bolsas transfundidas em seus diversos hemocomponentes.
O problema se torna mais evidente ao analisarmos um dos principais hemocomponentes produzidos/transfundidos: Concentrado de Hemácias. Dentre um total de 3.328.157 coletas, foram registradas apenas 2.033.543 transfusões, o que representa 61,0% da produção.

É como se cerca de 40% da produção fosse desperdiçada, o que definitivamente não reflete a realidade.
Permanece a reflexão sobre como podemos aprimorar os sistemas de informação em nível nacional, para que possamos contar com dados transfusionais mais precisos, os quais são de extrema importância na avaliação dos indicadores de produção e uso do sangue.
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